Como no Brasil, o ano na Bolívia só começa depois do carnaval. No fim de 2007, todos previram que 2008 ia ser quente. No entanto, até esta semana, nada de muito importante ou decisivo tinha acontecido.
Mas pode-se dizer que ontem o ano começou. Depois de muito lenga-lenga de um diálogo entre governo e oposição que desde o início estava fadado ao fracasso, levando em conta o contraste de visões dos dois lados, o Congresso aprovou a convocação do referendo ratificatório da nova Constituição e outro sobre um artigo dela, que diz respeito ao tamanho máximo que um latifúndio poderá ter.
De tempos em tempos, o MAS (o partido do governo) ganha pontos com os movimentos sociais que, mesmo apoiando em massa o Evo, não gostam nada quando o governo dialoga com a direita. Por outro lado, muitas vezes parece que o MAS tenta ganhar tempo, mostrando que está aberto ao diálogo e que a oposição nunca recua. Aí, quando as negociações não avançam e a pressão social cresce, eles tomam as medidas radicais, justificando-as com a intransigência da direita.
Agora, é esperar para ver. As regiões opositoras vão seguir com seus estatutos autonômicos e estão chamando para o desconhecimento dos referendos. Mas ainda não se sabe se vão votar pelo "não" à Constituição ou se vão pregar a abstenção.
O "sim" deve ganhar nacionalmente, mas regionalmente deve perder em quatro ou cinco regiões (de nove). Isso pode fazer com que estas mesmas regiões ponham em dúvida a legitimidade da Constituição. Podem dizer que eles votaram contra e, portanto, as novas normas não se aplicam a eles. E é bem capaz que se fale até em separatismo - não mais timidamente, como se discute agora.
sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008
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