quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Do carnaval boliviano – parte II (Diabladas, morenadas, caporales...)



No sábado de carnaval cedo, eu e a Sue, amiga que ficou hospedada em casa por um tempo, pegamos um ônibus rumo à Oruro, cerca de 3 horas de La Paz. O carnaval da cidade é famoso internacionalmente e é inclusive considerado Patrimônio Oral e Intangível da Humanidade pela Unesco.

A sua peculiaridade é o sentido religioso das celebrações, expressados por danças e fantasias tradicionais dos povos indígenas bolivianos. A idéia é cultuar a Pachamama, ou Madre Tierra. No entanto, por influência da Igreja Católica, hoje a homenageada é a Virgen del Socavón, que ganhou esse nome por ter “aparecido” em um socavón (galeria) de uma mina de prata da cidade.
Por um longo trajeto formado pelas ruas de Oruro, inúmeros grupos, acompanhados de bandas musicais, desfilam até o santuário da virgem. No desfiles, representam diversas danças típicas.

Uma delas é a diablada, que, através de suas coreografias e vestimentas, representa a luta do bem contra o mal. Outra dança famosa é a morenada, que trata do sofrimento dos escravos negros do altiplano. Há também a tobas, caporales, tinku etc.

Do alto da precária e perigosa arquibancada de madeira, temerosos de que ela desabasse e atentos às bexigas de água que voavam de um lado ao outro da avenida, pudemos observar tudo isso. O espetáculo é bem bonito e interessante, e nos impressionamos com o preparo físico que é necessário para fazer determinadas coreografias durante duas ou três horas a 3.700 metros de altitude.

Quem tiver pela Bolívia no carnaval de 2009, vale apena dar uma espiada em Oruro. Só tem que ter muita paciência com a guerra de água (os gringos são alvos preferenciais) e com os batedores de carteira, que são muito hábeis.

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