Ridículo. Absurdo. Infame. Difícil adjetivar o "pedido" da ONU para que Bolívia e Peru proíbam o ato de mascar coca. É no mínimo uma agressão a uma cultura milenar muito, mas muito disseminada nos dois países.
Para os indígenas da região, a coca não tem apenas propriedades medicinais. Não ajuda apenas a enganar a fome, a combater o mal de altura, a dar força para os trabalhos duros. Não serve somente como um meio de socialização. Ela é sagrada.
Para se ter uma idéia da importância que ela tem por aqui, o assunto foi manchete principal dos dois maiores jornais da Bolívia. Isso em meio a uma grave crise política interna e ao seríssimo conflito entre Colômbia, Equador e Venezuela.
Como está escrito em algumas camisetas por aqui, coca não é cocaína. Quem inventou o consumo massivo de cocaína não foram os indígenas bolivianos ou peruanos. É aquela velha analogia do cara que pega a mulher com outro no sofá e joga fora o sofá.
Mais que tudo, é incrível que um organismo como a ONU ainda possua uma visão repressiva sobre a questão das drogas, em vez de tratá-la como caso de saúde pública. Tal postura cabe como uma luva na política dos EUA de suposto combate aos entorpecentes.
Se quisessem de fato lutar contra o tráfico de drogas, muito mais eficiente seria desmontar todo o gigantesco esquema que o sustenta, que envolve grandes bancos, laboratórios, políticos, empresários, policiais etc.
Mas não. Muito mais fácil é prender o consumidor e exterminar traficante pé-de-chinelo nas favelas ou plantador de coca no trópico boliviano.
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