Enquanto a oligarquia oriental, meio desesperada, mas não por isso desorganizada, tenta de tudo pra desestabilizar o governo Evo, a vida segue normalmente em La Paz, no ocidente.
E, em meio à tranqüilidade, fui, com um amigo boliviano, outro brasileiro, ver Brasil X Bolívia num bar da cidade. Apesar dos bolivianos já estarem quase sem chance de se classificar à Copa, o interesse no jogo era grande.
Na área no andar de cima do local, onde tinha uma espécie de telão, todas as mesas já estavam cheias. Depois de alguns minutos de briga do cara do bar com a TV, que não queria funcionar direito, enfim conseguimos ver a partida.
O Brasil jogando mal, a Bolívia no papel dela, se segurando e atacando de vez em quando, e, conforme o tempo ia passando, a tensão e a vibração dos bolivianos das mesas vizinhas iam aumentando.
Quando terminou o primeiro tempo, ainda zero a zero, aplausos. Afinal, foram 45 minutos sem tomar gol do Brasil, e fora de casa. No começo do segundo tempo, a revolta com a expulsão de um zagueiro da Bolívia.
O tempo passando, e nada de gol. A tensão no bar aumenta. Cada chute pra fora dos brasileiros, cada desarme, cada defesa do goleiro boliviano são comemorados com gritos e aplausos.
20, 25, 30, 35 minutos do segundo tempo. Eles parecem não acreditar. Já não se conversa mais nas mesas. Os garçons param de atender e encostam num canto, ou sentam em alguma cadeira, e passam a olhar atentamente pra TV.
40 minutos. 41, 42, 43, 44... os gritos e aplausos em comemoração aos ataques frustrados do Brasil sobem de tom. 45 minutos... silêncio total. Daquele ensurdecedor que dizem ter tomado o Maracanã na final da Copa de 50.
A cabeçada do Júlio Baptista toca a rede do lado de fora. Todos no bar acharam que tinha sido gol. Depois de uns dois segundos, percebem que o goleiro tinha mandado a bola pra fora e respiram aliviado.
Mais alguns minutos, o juiz apita o final do jogo e a alegria explode no bar inteiro. Pulos, gritos, aplausos, abraços... Do lado de fora, ouve-se rojões e alguns carros buzinando.
A Bolívia permanecia em último lugar na classificação das eliminatórias para a Copa. Mas acabara de golear o Brasil por zero a zero.
quinta-feira, 11 de setembro de 2008
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