sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Prêmio Nobel de Humor

Esse vai para os organizadores do Prêmio norueguês que concederam o Nobel da Paz a Obama. Parece pegadinha. Mas não se poderia esperar algo diferente de uma premiação que já laureou figuras como Henry Kissinger.

Já li algumas pessoas se mostrarem contrariadas e dizerem ser muito cedo para o Obama ganhar um Nobel da Paz, afinal, para essas pessoas, ele ainda não teve tempo de fazer nada. Antes fosse isso mesmo. Não é que o Obama não teve tempo. A verdade é que ele teve tempo, sim, só que, até agora, agiu para para não merecer prêmio algum.

Claro, sua retórica é muito bonita. Mesmo. Chega a emocionar, a empolgar. Quem o ouve fica com a esperança de novos tempos. Infelizmente, é apenas retórica.

Obama "saiu" do Iraque, ok. (Vamos fazer de conta que acreditamos nisso) Mas vem aumentando as forças militares no Afeganistão de uma maneira criminosa. Milhares de civis já foram mortos como "efeito colateral" dos ataques aos "terroristas", o que vem acontecendo também no vizinho Paquistão, cujo governo segue a doutrina estadunidense.

Aqui, a tal da retórica é idêntica à de Bush: a guerra é contra o terrorismo. Claro, o fato de Afeganistão e Paquistão se encontrarem na rota de imensos gasodutos e próximos a gigantescas reservas de gás não conta. Obviamente que não há sequer um receio por parte dos EUA do aumento da influência chinesa e russa sobre a Ásia Central, e, consequentemente, sobre essas mesmas reservas de gás.

A política de Obama para a Ásia Central por si só já invalidaria sua "candidatura" a qualquer prêmio que leve em conta os esforços pela paz. Mas ele vai além disso. Um pouco mais a oeste, no Oriente Médio, a "mediação" estadunidense no conflito Palestina x Israel segue sendo, com algumas nuances, a mesma realizada por governos anteriores. Para as fotos, Obama "exige" o fim dos assentamentos na Cisjordânia. Mas nos órgãos multilaterais, seu governo continua a bloquear qualquer resolução ou relatório que condene a política israelense em relação à Palestina.

Mais: Obama continua, da maneira mais hipócrita possível, a atacar os planos de energia nuclear do Irã, por representar uma ameaça a Israel. Ora, o país na região que mais atacou e ataca outras nações e povos é justamente Israel. E seu imenso arsenal nuclear nunca foi contestado pelos EUA ou pelas demais potências.

Para completar, aqui na América Latina, foi sob o governo Obama que se anunciou a instalação das bases militares estadunidenses na Colômbia, isso pouco tempo depois do presidente ter enunciado as novas relações entre EUA e o continente.

Tudo bem, pode-se argumentar que Obama não pode fazer o que bem entender, que existem interesses poderosos que não permitem uma ruptura radical no modo de fazer da política externa estadunidense. Sim, isso é fato. Mas, até por essa razão, também é fato que Obama não merece o Prêmio Nobel da Paz.

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