Desde o golpe contra Manuel Zelaya, o governo Obama vem se mostrando hesitante e extremamente confuso. Uma hora diz uma coisa, outra hora, diz outra. Ou melhor, dependendo de qual integrante governamental ou instância fale.
O presidente discursou duramente contra o golpe praticamente desde que ele aconteceu. Já a secretária de Estado, Hillary Clinton, e outros membros do Pentágono, e do Departamento de Estado, amaciam o tom. Oficialmente, nem reconhecem o acontecido como "golpe de Estado". Hillary chegou a instar "as duas partes envolvidas" a não se excederem, como se as duas partes tivessem a mesma responsabilidade ou a mesma culpa pelo golpe.
Assim, perdido nesse episódio, os EUA logo perderam o protagonismo diplomático na região para o Brasil e os demais países latino-americanos. Embora uma eventual atuação estadunidense ainda seja fundamental para o desfecho da crise, por sua fortíssima incidência econômica sobre Honduras, sua resolução não depende apenas dos EUA, como em outros tempos no continente.
Mas o fato é que, independentemente da retórica de Obama, que chegou a dizer que as relações entre seu país e a América Latina seriam mais iguais daqui pra frente, seu corpo diplomático, militar e de inteligência têm vida e pernas próprias.
Outro fato é que um governo Zelaya que se aproximava "perigosamente" de Chávez não interessava em nada aos EUA. Por isso que Hillary costurou o Acordo de San José, que diz: tudo bem, como não tem outro jeito, Zelaya volta, mas sem levar adiante a reforma da Constituição e formando um governo de unidade nacional. Assim, Zelaya voltaria como uma rainha da Inglaterra.
Agora, já admite que Zelaya nem precisa voltar. Ontem, o representante interino dos EUA na OEA afirmou que o "povo" hondurenho quer as eleições de novembro, independentemente da volta do presidente deposto, o que contraria a posição unânime da comunidade internacional (e do próprio governo estadunidense), que já reiterou que não reconhecerá um pleito organizado pelos golpistas.
Ora, nada mais perfeito. Eleição dá um ar de democracia, mesmo que dominada pelos golpistas. Zelaya some de cena e um nome de direita volta ao governo hondurenho, suspendendo qualquer aproximação com o Chávez. O "eixo do mal" sofreria um importante revés.
Bem, seja qual for o desfecho, o golpe de Estado em Honduras é apenas uma das evidências de que Obama é, com pequenas nuances, mais do mesmo. Como muita gente, Polianas à parte, já previa.
ps: falta ainda uma análise do comportamento escandaloso da mídia em relação ao caso Honduras. Já "desabafei" muitas vezes sobre isso com pessoas próximas, mas pretendo voltar ao tema neste blog.
quinta-feira, 22 de outubro de 2009
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