quinta-feira, 17 de julho de 2008

Não vale comparar

Ontem foi feriado aqui em La Paz. Comemoraram 199 anos do grito libertário que a cidade deu contra a colonização espanhola, em 16 de julho de 1809.

Me chamou muito a atenção o “civismo” dos paceños. As ruas enfeitadas com flâmulas e luzes da cor local (vinho e verde, como as de Portugal), carros e vans com bandeirinhas no teto ou na janela, prédios, públicos ou não, com bandeiras enormes. Tinha até pessoas levando bandeirinhas nas mãos.

Parecia o Brasil em época de Copa do Mundo. Mas aqui o fervor é por um acontecimento político-social de 200 anos atrás. Os sete de setembro no Brasil não chegam nem perto disso.

Mas isso tem razão de ser. Os países sul-americanos de língua espanhola passaram por verdadeiras guerras de independência. Conquistaram a liberdade (mesmo que só formal) com muito sangue. No Brasil, já sabemos como foi a palhaçada da “proclamação” às margens do Ipiranga.

Já me perguntaram umas cinco ou seis vezes quem era o libertador do Brasil. Duro responder “Dom Pedro I” para quem tem como herói máximo da libertação ninguém menos que Simón Bolívar. E que tem outros inúmeros heróis coadjuvantes.

Quase todas as vezes fico sem graça, dou aquela gaguejada... e dou uma explicada básica de como não houve guerra, de como foi tudo arranjado etc etc etc. Não raro, meu interlocutor deixa transparecer um ar de surpresa, mas ao mesmo tempo de superioridade.

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